América Latina favorável aos grandes jatos executivos
A Embraer está encontrando um crescente mercado na América Latina para seus jatos executivos de longo alcance com grandes cabines de passageiros, como o Lineage 1000 (em primeiro plano) e o Legacy 650.

Enquanto analistas preveem uma desaceleração para a maioria das economias da América Latina em 2013, a Bombardier - em sua previsão de 20 anos divulgada em junho deste ano - espera ver uma melhora no mercado em 2014 e acredita que em breve, em 2016, a fabricante canadense irá "ultrapassar seu ano de maior alta nas entregas que foi em 2008."

A maior parte deste crescimento vem da linha de jatos executivos de grande cabine de passageiros, e alcance ultra longo da empresa: o Global 6000; e os novos Global 7000 e Global 8000, com certificação prevista para 2016 e 2017, respectivamente. Analistas da Bombardier esperam que mercados chave para o crescimento, incluindo o Brasil, recebam "uma parte significativa das entregas de jatos executivos durante os próximos 20 anos."

Como marca de seu crescente mercado regional, a Bombardier patrocinou pela quarta vez o "Safety Standdown da América Latina" seminário sobre segurança na aviação sediado em São Paulo nos dois dias anteriores à LABACE 2013. Foi aberto a todos os operadores de Learjet, Challenger e Global da região e suas equipes de apoio, fornecedores, técnicos de manutenção e parceiros.

Anteriormente, em janeiro deste ano, o Global 6000 de alcance ultra longo da Bombardier recebeu certificação da ANAC. Com esta aprovação, a linha completa de jatos executivos Learjet, Challenger e Global da Bombardier agora têm certificação brasileira.

A Dassault vendeu seus primeiros jatos executivos no Brasil em 1978, de acordo com o presidente e CEO da Dassault Falcon, John Rosanvallon, que afirma que a OEM (fabricante de equipamentos originais, na sigla em inglês) francesa possui uma parcela de 66 por cento do mercado de jatos executivos de grandes cabines de passageiros. "Nós vimos países como o Brasil tornarem-se epicentros da recuperação da aviação executiva ao longo dos últimos anos," Rosanvallon declarou em agosto passado na LABACE de 2012. "Os elementos se mantém no lugar para o crescimento contínuo da aviação executiva e para o aumento da fatia de mercado da Falcon no Brasil."

Ele enfatizou que sucesso também significa dar suporte e manutenção ao que a empresa vende e, como resultado, a Dassault Falcon continua a expandir seu centro de serviços em Sorocaba, 80 quilômetros a oeste de São Paulo. O centro está agora certificado para trabalhar em Falcons registrados nos EUA, Bermudas e Argentina assim como os registrados no Brasil, e tem aprovação da EASA. O local também tem o apoio de aproximadamente $2 milhões em peças de alta utilização.

A Embraer tem o Brasil como casa e a frota conjunta de Legacy 600, Legacy 650 e Lineage 1000 de grandes cabines de passageiros da empresa agora somam um total de 30 aeronaves; todas, exceto duas, em serviço no Brasil. "A Embraer Jatos Executivos está vendo uma demanda crescente por aeronaves maiores e de maior alcance em todo o mundo," disse o presidente de jatos executivos Ernie Edwards. "As vendas do Legacy 650, por exemplo, estão indo bem na China, região do Pacífico na Ásia e América Latina, e vemos pontos ideais em cada região.

Enquanto o Legacy 650 não tem o fôlego de seus rivais Bombardier, Dassault e Gulfstream, ele tem uma grande cabine de passageiros e alcance suficiente para ir sem paradas de São Paulo a Miami ou Cidade do Cabo na África do Sul. A certificação para o novo Legacy 500 é esperada para 2014 e, enquanto é oficialmente um jato de tamanho médio, Edward o vê como um “divisor de águas” com alcance de São Paulo à cidade do Panamá ou Freetown, em Serra Leoa sem paradas.

Este ano na LABACE, a Embraer montou um chalé (nº 5115) grande o suficiente para acomodar uma de cada de suas maiores aeronaves, incluindo o Legacy 500, Legacy 650 e Lineage 1000.

Assim como outros fabricantes com presença crescente na América Latina, a Embraer começou a expandir seus serviços e suporte na região. Em março do ano passado, anunciou um acordo com o estado de São Paulo e irá adicionar um centro de serviços de 19.950 m² no aeroporto Bertram Luiz Leupolz em Sorocaba. A construção de 25 milhões será feita ao longo dos próximos cinco anos.

A Gulfstream não está em casa na América Latina, mas a empresa com base em Savannah, Geórgia, vê a região como um mercado onde se sente à vontade. "Temos uma fatia de 45 por cento do mercado na categoria de grande cabine de passageiros, do Gulfstream IV até o Gulfstream 650," disse o vice-presidente regional sênior Roger Sperry. "E estamos procurando maneiras de ganhar mais ainda." Na América Latina, ele disse, "Nossa base era de 90 aeronaves instaladas em 2008, e em 1º de junho esse número já estava em 176 e aumentando." Mais da metade dessa quantia está no Brasil e no México.

Sperry notou o crescente número de clientes de grandes cabines de passageiros que não apenas têm base na América Latina, mas também fazem negócios lá partindo de locais distantes. "Eu cubro Ásia também e é impressionante a quantidade de clientes que fazem negócios com a América Latina. Não há negócio hoje em dia que não seja global, e se você está expandindo, está atuando além da sua região," ele adicionou.

Ele também chamou atenção para o fato de que México, Brasil e Venezuela estão comprando mais jatos executivos com cabines de passageiros de tamanho médio que qualquer outro lugar do mundo. "Hoje temos 2.159 Gulfstreams em todo o mundo, e oito por cento deles estão na América Latina."

E a Gulfstream não está apenas vendendo aviões na América Latina, disse Sperry. Desde 2009, a OEM percebeu que dar apoio e manutenção ao que se vende é a chave para um programa de longo prazo bem sucedido e designou a Jet Aviation, em Sorocaba, no Brasil, como o local para reparos. Com o crescimento nas vendas e com a Jet Aviation sendo de propriedade da General Dynamics, empresa mãe da Gulfstream, o centro de serviços de Sorocaba foi renomeado para Gulfstream Brazil em junho do no passado.

Dos mais de 175 Gulfstreams em atuação na América Latina hoje, 70 são jatos executivos de grande cabine de passageiros, longo alcance e ultra longo alcance do tamanho GIV ou maiores. Portanto, não é surpresa que o de Sorocaba tenha crescido e se tornado um centro de serviços completo com capacidade para serviços de manutenção pesada, de inspeções de célula a mudanças de motor.

De fato, o crescimento na estrutura de suporte e serviços no aeroporto Luiz Leupolz pelos vários OEMs indica o crescimento da aviação executiva na América Latina, e em particular, no Brasil. "E com base em conversas com nossos clientes," concluiu Sperry, da Gulfstream, "esperávamos a presenças de muito mais pessoas de fora do país."

Em geral, isto significa boa notícia para as vendas de jatos executivos de grandes cabines de passageiros na América Latina no futuro, e também para o contínuo crescimento da LABACE.