AG Brasileira Sofre Acentuada Queda de Tráfego, Segundo Dados da ATC
Com a ausência de um anuário da ABAG em 2016, a única fonte de dados sobre o tráfego da aviação executiva brasileira é a Decea.
Eventos como os Jogos Olímpicos Rio 2016 e a Copa do Mundo de 2014 impulsionam o tráfego de jatos executivos, mas a tendência geral nos últimos 12 meses no Brasil está em baixa.

A ABAG não publicará uma nova versão do seu Anuário Brasileiro de Aviação Geral este ano – apesar de ter produzido anuários para cada uma das cinco últimas edições da LABACE, a qual organiza. Esse ano a abertura do evento será no Aeroporto de Congonhas no dia 30 de Agosto, e se estenderá até o dia 1° de Setembro.


No passado o Anuário tem apresentado progressivamente mais dados, enriquecendo a edição do ano anterior e acompanhando análises tanto em inglês quanto em português. Neste ano não haverá uma nova edição, e nenhuma forma acessível de encontrar informações como tamanho e valor da frota.


No entanto, informações sobre operações de aeroportos foram disponibilizadas pelo DECEA, no seu próprio anuário online de 232 páginas. Os dados estatísticos da nova edição pincelam um quadro sombrio para o setor de aviação civil brasileiro, especialmente para as atividades das asas rotatórias, com uma queda de quase um terço nos principais aeroportos nos dois últimos anos para os quais dados estão disponíveis.


Para os dois aeroportos de aviação executiva mais movimentados do país, os números do DECEA mostram que o Campo de Marte teve um declínio de 23% de 2013 a 2015, enquanto Jacarepaguá teve um declínio de 29% no mesmo período.


Em aeroportos atendendo a ambos os setores comercial e geral de aviação, os números podem refletir os slots alocados, ao invés da demanda. O Aeroporto de Congonhas experienciou um aumento de tráfego de 2.5% no ano passado (seguindo o declive de 3% de 2014), mas a aviação executiva em Congonhas caiu 9.6% em 2014 e outros 16% ano passado, com um declínio composto de 24.1%.


No Aeroporto de Santos Dumont, no centro do Rio, o declínio foi ainda mais proeminente: 18.1% em 2014 e 27.2% no ano passado, com um declínio composto de 40.4% em dois anos. Cerca de 15% dos voos de aviação geral do Aeroporto de Santos Dumont são ou para ou de Congonhas.


Serviços de helicóptero ao setor marítimo de gás e petróleo foram especialmente afetados pelo escândalo de corrupção política no Brasil, tendo em vista que a Petrobras é um dos focos principais. Isso levou a um exame minucioso de contratos, antes mesmo da queda dos valores do petróleo.


Jacarepaguá atende as plataformas de alto-mar, e o seu tráfego de helicópteros sofreu uma queda de 13.4% em 2014 e outros 22.7% no ano passado, com um declínio composto de 33% em dois anos. As operações de asa fixa do aeroporto também mostraram um declínio que continua a se agravar, foram 6.8% em 2014 e 12.9% no ano passado.


O Campo de Marte não presta serviços a nenhuma plataforma de alto-mar, mas o declínio nos voos de asa rotatória foram ainda mais drásticos, 21.2% em 2014 e 15.4% em 2015, com um declínio composto de 33.3%. Em contraste, as operações de asa fixa no Campo de Marte sofreram uma queda de apenas 3% durante o período de dois anos.


Os anuários da ABAG dos últimos anos têm mostrado a composição, idade e valor da frota, além de uso e base geográfica, permitindo ao leitor diferenciar voos de jatos novos ou turboélices daqueles de aeronaves de motor a pistão.


Dados como aqueles disponibilizados pela FAB confirmam que a aviação executiva brasileira tem tido um declínio em ambos tamanho e valor desde o final de 2014, segundo dados do anuário mais recente da ABAG. No entanto, parece haver alguma reluta em reconhecer esse declínio e essa é uma explicação possível para a ausência de um anuário este ano.


O anuário da DECEA serve o seu propósito de medir o tráfego aéreo. O anuário da ABAG, enquanto baseado nos mesmos dados brutos de tráfego, combinava aqueles dados com outras informações como os registros da ANAC para produzir um retrato útil da evolução da aviação executiva brasileira.


Outro barômetro de atividade é o ensino de voo, e voos de treinamento representam uma parcela significativa da atividade da aviação geral, excedendo voos fretados no Brasil. Enquanto os dados da DECEA mostram voos que pousam aonde decolam, assim como típicos treinamentos de toque e arremetida, esses números também incluiriam voos turísticos. Totais nacionais não são fornecidos.


Finalmente, parece não existir nenhuma fonte de dados definitiva para o todo da aviação executiva da América Latica que inclua tanto voos internacionais quanto operações domésticas.